sábado, 26 de setembro de 2009

Pulizia






O dia da faxina.

Ontem me mudei pra meu quarto definitivo. Tava no último quarto da casa, mais sabia que não ficaria lá, por que estava vindo uma outra ragazza pra ocupá-lo, e nem me dei ao trabalho de desfazer a mala.
Depois de dois chegou Serhat, meu roommate, vindo da Turquia pra estudar engenharia mecânica (oi?) na universidade de Florença. Ontem Carlos liga (tava em Veneza) dizendo que a gente precisa mudar pra o (agora antigo) quarto de Francisco e Juliette, que a girl ia chegar de tarde. Blz, vamos lá. Fomos ver o quarto...

MÉODÉOS.
Ok, não era só o fato de que nossos pés ficavam pretos se andássemos descalços, mas tinha dois metros de poeira em cima de cada prateleira ou cômoda, objetos mais variados perdidos por todos os lados, casacos abandonados no mundo de Nárnia dentro do guarda-roupa e lençóis que deviam ta guardados desde a construção da cidade.
Enfim que depois de algumas horas limpando tudo nos mudamos e to super feliz com meu (e de Serhat) quartinho. Mas como tenho meu espírito de 'êra', não me dei por satisfeito. A área de serviço tava um buraco negro da poeira. Pois eis que fiquei até 1:00 da manhã lavando a área e a cozinha. Mas valeu a pena. E ainda ganhei elogios hoje.
Juliette ia sair da casa ontem, mas alguma coisa deu errado e ela teve que dormir aqui. Só que... a gente já tinha ocupado o quarto dela. a bixinha dormiu no sofá. Francisco e Carlos voltaram de Veneza hoje (pq Francisco e Juliette vão voltar pra venezuela amanhã), e entre cafés da manhã, lavanderias, almoços, descidas pra levar o lixo, lavadas de banheiro e problemas com a internet, a vida da casa vai se tornando mais familiar.

O convívio aqui é pacífico, mesmo com 6 línguas diferentes na casa, e quando olho pela janela dá uma estranha sensação de Brasil. Como se, de fato, eu estivesse em casa. Não digo que é a mesma coisa, nem mesmo parecido com a nossa própria casa (saudades de aldeia), mas no fim, me sinto confortável. penso que poderia ser bem pior, e a maneira como tudo se encaminha tranquilamente dá uma sensação de conforto.
Como se, como muitos disseram, tudo devesse sair bem, que o que era pra ser, seria.

Que Deus continue ouvindo essas predições. =]






























sexta-feira, 25 de setembro de 2009

La città di ispirazione


Hoje resolvi andar pela cidade. Sabem como é, acordei, fui no mercado, lavei roupa... e agora? Cada um aqui em casa tem seus afazeres, e eu, bem, to de férias ainda. Fui no centro buscar meu celular (como faz que demoraram 3 dias pra desbloquear ele? to na europa não, eh? no Brasil se faz em 20 minutos), e depois decidi ver gente. Passei por praças, falei com Manuca (adorei), fui bater na ponte, cruzei o rio... ôpa! Tava embaixo do mirante. Fui subindo e já achei lindo logo no começo. O caminho me lembra um cenário bem particular pra mim, e quando cheguei lá em cima, me surpreendi com a vista.
Fiquei besta mesmo olhando tudo aquilo lá embaixo. E tudo parecia tão pequeno... Lembrei de recife por um momento, da vista da cidade do prédio de Sissi, e vi como Recife é grande e como Florença é pequena.
Mas eu pude ver claramente a cidade no meio do vale, com as montanhinhas por todos os lados. É muito massa a vista. E naquele exato momento em que cheguei no topo, tava ouvindo no mp3 "Precious Things", de Tori Amos. Pelo nome da música dá pra imaginar o que senti. Parece que tudo acontece como tem que ser mesmo.
Deu uma vontade de mostrar aquilo pra todo mundo no Brasil. Deu logo uma saudade e comecei a ver tudo embassado. Liguei pra Painho. E como foi bom ouvir a voz dele!
Tudo o que eu queria ali era ter aquelas pessoas na minha cabeça ali do meu lado, vendo tudo comigo.

Fiquei andando por ali, e recebi um elogio de uma mulher pela foto que tirei dela (me chamou de aspirante a fotógrafo), e tudo era muito inspirador. Só pensava em Egon e Justin (quem sabe, sabe). E deu uma saudade dos dois. E aí foi bom, por que agora to com estimulo pra me dedicar mais.

Mas, resumindo, hoje eu comecei a sentir a inspiração vindo da cidade. E acho que isso meu deixou feliz. É bom sentir as coisas voltando a fluir na minha cabeça. Não sinto tensão, nem receio, nem medo, só saudade...
E acho que a cidade me ajuda nisso.
Sinto falta da modernidade (aqui é medieval demais), mas me sinto inspirado por essa medievalidade. E quando penso no que posso fazer, no que posso escrever, no posso pintar, produzir com essa inspiração, tudo parece ganhar uma leveza. Como se tudo que me fizesse feliz estivesse mais próximo, logo ali, a alguns passos.

Pois é, vai ver que as almas dos Grandes ainda vagueiam por aqui, inspirando os que por aqui passam. Ou vai ver que as maiores inspirações que podemos ter vêm daquilo que mais gostamos de sentir. Aqueles sentimentos que trazem alegria e satisfação, que nos fazem sentir realizados quando os sentimos, e que nos levam a buscar sempre mais o que nos levanta e o que nos faz seguir em frente. No meu caso, o amor e saudade, já que esta é uma forma de se ficar.
Cedo ou tarde descobrimos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Le prime impressioni








- sem palavras. "to aqui", bonita, italiano, "quantas árvores!", muito bonita, frio, organizada, pessoas, bicicletas, "onde eu to?", academia, mapa, emoção, desenhos, inglês, pintar, meu futuro, emoção, recife antigo, rio, bonito, fotos, souveniers (não), família, gringos, biblioteca, ler, andar, muitos gringos, conhecer, andar, conhecer, expectativa, sujeira, arquiteturas, museus, artistas, pessoas, muitas pessoas, trem, estação, gringos, europa, mundo, andar, cansaço, comida, queijos, prosciutto, vinhos, azeite, roupas, moda, piazze, via, casacos, cintos, nutella, igrejas, mármore, "A primeira regra do mago" (o livro), fotos, "to aqui", andar, trem, comer, falar, dormir...

Essas foram algumas das primeiras coisas que passaram pela minha cabeça nos primeiros dias aqui. É estranho como, apesar de todas a expectativa da mudança, não tinha expectativas de como seria tudo aqui. De alguma forma era como se tudo fosse tão novo que seria inútil tentar prever, ao mesmo tempo em que parecia eu já conhecia tudo, como se de alguma forma eu estivesse voltando, e não chegando. O deslumbre inicial durou pouco, e veio logo uma sensação agradável. Gostei da cidade! Fui andando, vendo coisas, monumentos, pessoas, obras de arte, e, claro, fiquei encantado. Mas logo depois já vi a sujeira das grandes cidades (só que ainda assim não comparável ao Brasil), e a estranheza dos povos não-brasileiros. Por um lado os italianos se parecem: conversam, falam alto, falam com você, e perguntam, e se metem. Mas por outro falta algo, que é difícil de explicar o que é. E ô ambientezinho internacional, viu!? Acho que tem mais gringo que italiano aqui. Só falo italiano em supermercado.

Mas no fim das contas, tô na europa! Tudo é mais fácil, mais organizado, mais "pronto pra levar".
Ontem andei por uma parte da cidade que ainda não tinha ido. E pqp, tudo é muito lindo também. É engraçado ver como o antigo e o novo se misturam, e em harmornia. Pensem bem o que é ver um punk com as roupas mais extravagantes possíveis na frente de uma igreja de mil anos de idade. O contraste é muito bom. E é simplesmente lindo ver que as diferenças realmente não importam. Se você gosta disso ou daquilo, não faz diferença, simplesmente viva a sua vida, preferencialmente bem.
A cidade me traz um ar de conforto, o que é estranho, por que eu poderia ta me cagando de medo de estar "só" aqui, mas ela também sempre me traz uma áurea de saudade, como se nada fosse completo por aqui. Como se cada pedaço dela tivesse outra parte em outro lugar.
Ou então não é a cidade, são só meus sentimentos que tão partidos. Vai saber.

Mas Firenze é linda! Linda como eu poderia esperar, se o tivesse feito.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sono Arrivato a Firenze!



Enfim... aqui.
Pois é, meus amigos, muito se passou e muito percorri para estar aqui hoje. É estranho pensar em tudo com algo do passado, mas ao mesmo tempo é impossível não pensar o mesmo. É uma cofusão de sentimentos, já que tudo que deixei no Brasil será eternamente meu, e nosso, e ninguém jamais irá mudar isso, ao mesmo tempo em que é certo que nada será da mesma forma outra vez.
Eu vivi, andei, sorri, chorei, amei, e aprendi a viver a vida de uma forma particular dentre influências daqueles que amo. E quando tudo parecia estar tomando um rumo... há uma virada radical. Se eu não pensar que tudo aconteceu com um propósito maior, e sendo esta mudança o dito cujo, tudo pareceria um pouco em vão: viver tanto e amar tanto pra depois partir deixando apenas a saudade.
Mas, pelo amor, nada é em vão. Se eu deveria viver tudo o que vivi pra chegar aqui hoje, então agradeço por que vivi ao lado de pessoas tão grandes e especiais que, em suas maneiras, através de suas particularidades, me mostraram o mundo e a vida, e me fizeram entender que a felicidade se encontra todos os dias, esteja ela num abraço, numa música, num babado, ou num pote de sorvete.


A saudade já tem morada certa no meu coração, mas o amor é a esperança do reencontro que virá.